3.9.13

Carta aberta às editoras brasileiras


Prezadas editoras brasileiras,

Fico muito contente por vocês investirem neste filão a qual pertenço, dos cozinheiros amadores que gostam de se arriscar na cozinha, e que tragam para o mercado brasileiro livros simpáticos e bonitos com receitas simples.

Mas vocês precisam investir mais para entregar produtos de melhor qualidade, e não perder compradores como eu. Vira e mexe encontro falhas de tradução que levam a desastres culinários. Foi o que aconteceu comigo, de novo, neste fim de semana, ao seguir uma receita, ipsis litteris. Sendo assim, gostaria de sugerir os seguintes cuidados nas próximas edições:

Mercado de lá versus mercado daqui
Não estou falando do mercado editorial, e sim do supermercado ou do mercadinho mesmo, aquele onde vamos comprar os ingredientes para as receitas. Não é raro que um ingrediente comum no Heminsfério Norte seja difícil de achar aqui ou que seja revendido com outro nome. Um exemplo? Brown sugar. Vocês traduzem grosseiramente como açúcar mascavo. Mas há variações que, dependendo do resultado a ser obtido, fazem grande diferença: o brown sugar pode ser light brown sugar, mais clarinho e que responde diferente ao calor do que a rapadura ralada que a gente vê comumente ensacada no Brasil.

Revisão técnica não vale apenas para livro científico
A diferença dos ingredientes pode ter grande efeito no que vai sair, como falei acima. Não valeria a pena ter um cozinheiro com experiência olhando e, por que não?, testando as receitas para checar se elas vão funcionar com os ingredientes brasileiros do jeito que está escrito, ou se precisam passar por uma adaptação?

Revisão custa pouco
Em um livro que tenho em casa, há duas receitas de cupcakes de caramelo. Em ambas, pede-se cerca de 1 xícara de açúcar, mas uma fala em 180 gramas e, em outra, em 200 gramas. Pode até não fazer grande diferença no resultado, mas faz na minha cabeça. Também já peguei receitas que deveriam ser idênticas, apenas a quantidade era diferente, com proporções díspares. Qualquer um que sabe fazer regra-três percebe que tem coisa errada.
 
Prezadas editoras,

Ainda que eu saiba ler inglês, eu gosto de comprar livros de receita em português. Facilita minha vida, especialmente porque cozinhar para mim é esvaziar a cabeça, inclusive da língua estrangeira. Espero que minhas sugestões ajudem vocês a vender mais livros, e que ajudem leitores-cozinheiros como eu a acertarem mais na cozinha.

Grata pela atenção,
A simplicista

PS: na foto, os cupcakes sem a cobertura, que ficou um desastre porque a tradução não levou em consideração a diferença entre os ingredientes encontrados na Inglaterra e no Brasil.

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