18.12.13

Eu sou de uma época...


Antigamente havia os cadernos de receitas. Ali residiam as melhores receitas, aquelas passadas de geração a geração, de vizinha a vizinha, de amiga a amiga, escritas com caligrafia e as regras ortográficas de sua época. Às vezes vinham de uma revista, de um programa de televisão, de rádio, de experimentações e de necessidades.

Nesses cadernos, as melhores receitas eram sempre aquelas cujas páginas estavam mais manchadas, por respingos de massa ou dedos de gordura. Era o atestado de sucesso garantido.

Aí veio a internet, os blogs, os sites, as redes sociais. E os cadernos perderam espaço. Eu mesma trato esse blog como um caderno de receita pra lá de prático, onde posto principalmente o que funcionou e ao qual tenho acesso de qualquer lugar do planeta. E meus amigos podem saber o que sai da minha cozinha, e mesmo aqueles que moram distante podem imaginar o cheiro e o sabor.

Mas e as páginas manchadas? E aquela sensação de que há mais no caderno do que contam suas folhas? Onde fica tudo isso num blog?

Sinto uma certa tristeza adiantada em pensar que meu filho, hoje com cinco, não terá em suas mãos o "caderno de receitas da mãe" quando for morar sozinho. Sim, posso salvar essas receitas todas que hoje estão na blogosfera e transferir para o papel. Posso até marcar com uma estrelinha as minhas favoritas, e as dele também. E quem sabe como será o mundo daqui a 15 anos, e qual será a forma virtual de ele ter acesso a esses posts.

Mas as manchas não estarão lá. Ele não saberá quais receitas fiz com mais frequência, quais foram mais saboreadas.

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Essa receita veio do meu caderno, que fiz quando saí de casa, aos 18 anos. As páginas estão pra lá de sujas de gordura e massa, pois é uma receita prática, versátil e que todo mundo gosta. É bom para um encontro com os amigos, para a visita da sogra, para o lanche da tarde. Ela demora um pouco para ficar pronta (do começo até a hora de servir, cerca de uma hora e meia), mas sempre vale a pena.

Salgado de queijo (e o que mais você quiser)

Massa:
- 130 gramas de margarina ou manteiga
- 250 gramas de farinha de trigo
- 1 colher de sopa de fermento em pó
- 1 colher de sopa de leite
- 1 pitada de sal
- 1 ovo

Deixe a margarina ou manteiga chegar à temperatura ambiente. Misture com os ingredientes (secos peneirados, ovo prebatido rapidamente), até a massa ficar uniforme. Cubra com um filme plástico e deixe descansar por 30 minutos.

Depois disso, abra com os dedos em um refratário grande (sem untar), de forma a cobrir todo o fundo e as laterais. Furo o fundo com um garfo.

Eu prefiro deixar a massa mais fina, e sempre acaba sobrando um pouco para fazer um miniquiche no dia seguinte. :-)

Recheio:
- 200 gramas de mussarela
- 150 gramas de presunto ou peito de peru picado
- Qualquer outro ingrediente que você queira colocar, como ervas, alho-poró, palmito, cogumelos...

Em cima da massa podre, coloque o recheio. Eu prefiro começar com uma camada de queijo, e em cima por o restante. Se quiser colocar outros ingredientes, não esqueça da pré-preparação (como saltear os cogumelos e refogar o alho-poró).

Cobertura:
- 3 ovos, separadas gemas e claras
- 1 copo de creme de leite (pode ser fresco, que eu prefiro, ou de lata) ou nata
- 200 gramas de parmesão ralado

Bata as claras em neve até ficarem firmes. Misture com os demais ingredientes com a ajuda de um fouet e despeje sobre o recheio.

Asse em forno preaquecido a 180-200 graus, por cerca de 30 a 40 minutos, até a cobertura crescer e ficar dourada. Sirva imediatamente.

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