30.12.13

Um acerto do erro


Tem dia que não sai.

Foi assim um dia desses, quando fiz cupcakes com geleia de amora como recheio. Os bolinhos saíram perfeitos, mas a cobertura de merengue italiano (que faço sempre) ficou horrível. Aí tentei fazer uma cobertura de brigadeiro branco, que passou do ponto e ficou muito dura para espalhar nos bolinhos.

Os cupcakes foram finalizados então com a misturinha açúcar de confeiteiro + água + suco de limão. O brigadeiro branco, por sua vez, foi enrolado e passado uma parte em amêndoas sem pele e esmigalhadas, outra parte em açúcar. A primeira versão ficou campeã.

A receita eu tirei daqui e adaptei.

Brigadeiro branco
- 1 lata de leite condensado
- 1 colher de sopa de manteiga sem sal
- 1 gema sem pele
- 1 pitada de sal
- 100 gramas de chocolate branco picado

Misture tudo em uma panela de fundo grosso, em fogo baixo, e mexa até dar o ponto (ou seja, aparecer o fundo da panela). Deixe esfriar e enrole.

(Para cobrir os cupcakes, eu deveria ter deixado mais para mole, só um tico a mais do ponto do brigadeiro de copinho. Fica para a próxima vez.)

29.12.13

Trauma superado


Muitos anos atrás, a Lei de Murphy nos visitou na véspera de Ano Novo em todo seu resplendor. Tentamos fazer um semifreddo, seguindo uma receita que, segundo o Jamie Oliver, configura a sobremesa mais fácil do mundo.

Pode ser que seja verdade em Londres no inverno, não no verão brasileiro. Na nossa primeira tentativa, ele talhou todo. Baseado em ovos e creme de leite fresco, o semifreddo é um doce que lembra um sorvete, só que não - semifreddo significa "semicongelado", diz Jamie.

No ano passado, resolvemos arriscar de novo. Mas, dessa vez, procuramos uma receita em que os ovos eram cozidos (e não crus, como a do Jamie Oliver) e que não levasse frutas secas. Achamos uma receita australiana, com praliné de avelãs, e deu MUITO certo.

Neste ano, repetimos a dose. Murphy chegou a dar o ar da graça (tentamos fazer um praliné de baru, e foi um fracasso retumbante), mas conseguimos afastá-lo. O semifreddo deste Natal não ficou tão glorioso quanto do ano passado (alguns cristais de gelo se formaram, não sabemos se por causa da polpa de maracujá ou porque não acertamos o tempo entre a preparação do creme de leite e do creme de ovos). Mas, olha, não sobrou nada para contar história.

Semifreddo de maracujá e chocolate
- 3 ovos + 2 gemas
- 1 colher de chá de baunilha
- 1 copo cheio (220 gramas) de açúcar de confeiteiro
- 500 ml de creme de leite fresco
- 1 saquinho de polpa de maracujá
- 100 gramas de chocolate ralado

Tire a pele das cinco gemas e coloque, com as claras, a baunilha e o açúcar em uma tigela que possa ser levada ao fogo. Coloque sobre uma panela com água em fervura, mas de forma que a água não bata na tigela. Enquanto esquenta, bata a mistura com um mixer elétrico por 6 a 8 minutos, até ela ficar grossa e clara. Tire a tigela do fogo e deixe esfriar um pouco.

Bata o creme de leite até formar picos leves. Jogue na mistura e misture gentilmente, até incorporar (até aqui é a receita básica - a ela, você pode colocar o que quiser). Acrescente a polpa e o chocolate, até misturar, e disponha em uma forma com dois litros de capacidade. Cubra com filme plástico e coloque no freezer por seis horas. Tire do freezer um pouco antes de servir.

18.12.13

Eu sou de uma época...


Antigamente havia os cadernos de receitas. Ali residiam as melhores receitas, aquelas passadas de geração a geração, de vizinha a vizinha, de amiga a amiga, escritas com caligrafia e as regras ortográficas de sua época. Às vezes vinham de uma revista, de um programa de televisão, de rádio, de experimentações e de necessidades.

Nesses cadernos, as melhores receitas eram sempre aquelas cujas páginas estavam mais manchadas, por respingos de massa ou dedos de gordura. Era o atestado de sucesso garantido.

Aí veio a internet, os blogs, os sites, as redes sociais. E os cadernos perderam espaço. Eu mesma trato esse blog como um caderno de receita pra lá de prático, onde posto principalmente o que funcionou e ao qual tenho acesso de qualquer lugar do planeta. E meus amigos podem saber o que sai da minha cozinha, e mesmo aqueles que moram distante podem imaginar o cheiro e o sabor.

Mas e as páginas manchadas? E aquela sensação de que há mais no caderno do que contam suas folhas? Onde fica tudo isso num blog?

Sinto uma certa tristeza adiantada em pensar que meu filho, hoje com cinco, não terá em suas mãos o "caderno de receitas da mãe" quando for morar sozinho. Sim, posso salvar essas receitas todas que hoje estão na blogosfera e transferir para o papel. Posso até marcar com uma estrelinha as minhas favoritas, e as dele também. E quem sabe como será o mundo daqui a 15 anos, e qual será a forma virtual de ele ter acesso a esses posts.

Mas as manchas não estarão lá. Ele não saberá quais receitas fiz com mais frequência, quais foram mais saboreadas.

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Essa receita veio do meu caderno, que fiz quando saí de casa, aos 18 anos. As páginas estão pra lá de sujas de gordura e massa, pois é uma receita prática, versátil e que todo mundo gosta. É bom para um encontro com os amigos, para a visita da sogra, para o lanche da tarde. Ela demora um pouco para ficar pronta (do começo até a hora de servir, cerca de uma hora e meia), mas sempre vale a pena.

Salgado de queijo (e o que mais você quiser)

Massa:
- 130 gramas de margarina ou manteiga
- 250 gramas de farinha de trigo
- 1 colher de sopa de fermento em pó
- 1 colher de sopa de leite
- 1 pitada de sal
- 1 ovo

Deixe a margarina ou manteiga chegar à temperatura ambiente. Misture com os ingredientes (secos peneirados, ovo prebatido rapidamente), até a massa ficar uniforme. Cubra com um filme plástico e deixe descansar por 30 minutos.

Depois disso, abra com os dedos em um refratário grande (sem untar), de forma a cobrir todo o fundo e as laterais. Furo o fundo com um garfo.

Eu prefiro deixar a massa mais fina, e sempre acaba sobrando um pouco para fazer um miniquiche no dia seguinte. :-)

Recheio:
- 200 gramas de mussarela
- 150 gramas de presunto ou peito de peru picado
- Qualquer outro ingrediente que você queira colocar, como ervas, alho-poró, palmito, cogumelos...

Em cima da massa podre, coloque o recheio. Eu prefiro começar com uma camada de queijo, e em cima por o restante. Se quiser colocar outros ingredientes, não esqueça da pré-preparação (como saltear os cogumelos e refogar o alho-poró).

Cobertura:
- 3 ovos, separadas gemas e claras
- 1 copo de creme de leite (pode ser fresco, que eu prefiro, ou de lata) ou nata
- 200 gramas de parmesão ralado

Bata as claras em neve até ficarem firmes. Misture com os demais ingredientes com a ajuda de um fouet e despeje sobre o recheio.

Asse em forno preaquecido a 180-200 graus, por cerca de 30 a 40 minutos, até a cobertura crescer e ficar dourada. Sirva imediatamente.

17.12.13

Pedidos de criança


Desde que petico se deu conta que a mãe dele gosta de panelas, ele fica de olho em receitas por aí e pede para eu repetir.

A última foi o macarrão arco-íris.

"Como é??" foi minha reação. De cara percebi que é mais uma das modinhas culinárias da era do Google, que alguém faz e posta, alguém copia e gosta, e a coisa começa a tomar todas as cozinhas pelo mundo afora. Foi assim com o bolo arco-íris e com o bolo de caneca - esse último até virou produto em gôndola de supermercado, veja só.

Pois bem, fui para o Google e achei várias receitas, e agora é minha vez de entrar/alimentar a modinha. Se você quiser visualizar, pode seguir o Manual do Mundo, ou veja este site em inglês, referenciado em vários blogs por aí.



Macarrão arco-íris
- Spaguetti grão duro
- Sal a gosto
- Corantes de sua preferência
- Manteiga ou azeite

Esquente água numa panela para fazer o macarrão, com o sal. Cozinhe e escorra.

Separe o macarrão em saquinhos, um para cada cor. Coloque algumas gotas (poucas) e misture, até todos os fios ficarem coloridos. Deixe descansar uns 3-5 minutinhos e escorra novamente, uma cor de cada vez, dessa vez lavando bem até a água não sair colorida.

Use a manteiga ou o azeite quente para requentar o macarrão, e consuma imediatamente.