29.1.08

pausa

Vou ficar um tempo fora daqui, tá? Minha gatinha está doente e não estou a fim de cozinhar nesses dias.

beijos

21.1.08

Apimentando o cotidiano

Que tal apimentar o macarrão de todo dia? E que tal sujar o mínimo possível de louça?

Massa picante
- Farfalle ou penne
- 1 colher de sopa de azeite
- Pimentas frescas, a gosto
- 1 dente de alho
- Manjericão
- Sal a gosto
- Parmesão ralado

Coloque a água da massa no fogo - deixe para colocar o sal depois que ferver, pois ele estende o tempo. Enquanto isso, corte as pimentas em tiras bem fininhas e pique o alho bem picadinho.

Quando a água ferver, coloque a massa para cozinhar com sal e um fio de azeite. Siga as instruções e escorra quando pronto.

Na mesma panela, sem a massa, aqueça o azeite e doure bem ligeiramente o alho. Jogue as pimentas em tiras e refogue um pouquinho, mas não muito, para manter a crocrância. Acrescente a massa e as folhas rasgadas de manjericão, misture e sirva imediatamente, com parmesão ralado.

(Saldo da bagunça: uma panela, um escorredor, uma tábua, uma faca e uma colher de pau - além dos pratos, garfos e taças de vinho.)

18.1.08

Torta, porém correta

Domingão à tarde, fui atrás de uma comidinha para o jantar. Achei essa receita em diversos blogs e sites de culinária, com elogios múltiplos.

Fiz algumas mudanças por falta de todos os ingredientes. Ficou ótima e, seguindo a tradição descrita nos outros blogs, a torta não durou 24 horas frente aos olhares gulosos dos moradores...

Torta de alho-poró e cebola
Pâte brisée (a boa e velha massa podre)
- 200 gramas de farinha de trigo peneirada
- 1 colher de chá rasa de sal
- 100 gramas de manteiga sem sal, em cubos, gelada
- 1 ovo
- Cerca de 2 colheres de chá de água

Misture a farinha e o sal. Junte a manteiga e vá misturando e derretendo com os dedos. Coloque o ovo. A água vai aos poucos, suficiente para dar liga. Enrole em filme plástico e leve à geladeira por 30 minutos. Abra na forma.

(Massa original
- 1 pacote de biscoito tipo aperitivo ou salclic
- 50 gramas de manteiga em temperatura ambiente
- 1 ovo
Bata os biscoitos no liqüidificador. Coloque numa vasilha, acrescente a manteiga e o ovo e misture bem com as mãos. Forre uma forma de aro removível (24 cm de diâmetro) com esta massa, nivelando bem. Reserve.)

Recheio
- 1 colher de sopa de manteiga
- 1 cebola média ralada
- 1 ou 2 alhos-poró em rodelas (somente a parte branca)
- 1 xícara de chá de champignon fatiado (usei palmitos cortados grosseiramente)
- 1 colher de sopa de farinha de trigo
- 1/2 xícara de chá de leite
- 2 ovos
- 1 copo de requeijão cremoso
- Sal e pimenta a gosto
Aqueça a manteiga e doure a cebola. Junte o alho-poró e os cogumelos (palmitos) até refogar bem. Dissolva a farinha de trigo no leite, acrescente os ovos e misture bem.

Acrescente o líquido à mistura que está no fogo, mexendo sempre em fogo médio-baixo até virar um creme. Retire do fogo, coloque o requeijão e tempere com sal e pimenta.

Despeje sobre a massa da torta reservada. Salpiquei com parmesão ralado. Leve ao forno preaquecido em temperatura média por cerca de 25 minutos, até dourar.

17.1.08

Muffinmania

Aí me empolguei com essa história de blog de comida e fiz um curso de muffins, recomendação da Laila, no Espaço Docelar, em São Paulo.

Aí me empolguei com o curso e comprei gradinha, assadeira e forminhas.

Minha experiência foi legal, mas não conhecia bem a capacidade de crescimento da massa e coloquei pouco em cada casinha, então a cara ficou de bolinho - não cresceu e não rachou como um cogumelo. A receita dizia que renderia 10, mas mal e mal preenchi 9.

Mas são muffins, tá?
:)

Muffins (receita do Espaço Docelar)
- 1/2 xícara de açúcar
- 2 ovos
- 1/2 xícara de leite
- 1 xícara de farinha de trigo peneirada
- 1 colher de chá de casca de laranja ralada
- 1 pitada de sal
- 1 colher de sobremesa de fermento em pó
- 1/2 xícara de chá de manteiga sem sal amolecida
- 1 xícara de geléia de morango (não coloquei; usei mirtilos congelados)

Na batedeira, bata o açúcar com os ovos e o leite. Adicione a farinha, a casca de laranja , o sal, o fermento e a manteiga. Misture bem e distribua a massa pelas forminhas sem enchê-las completamente para que não transbordem ao assar, cerca de 2/3 da capacidade.

Asse no forno preaquecido, até dourar ligeiramente. Retire do forno, desenforme ainda morno e, com a ajuda de um saco de confeitar com bico perlê fino, introduza a geléia pela parte superior, no centro do muffin. Sirva frio ou morno. (Coloquei mirtilos no centro.)

16.1.08

Masih ada makanan?

Por essas coisas da vida, acabei aportando em Bali no fim do ano passado. Veja bem, a trabalho, muito trabalho.

É sério.

Não consegui explorar propriamente bem a cozinha local. Mas digo uma coisa: em duas semanas voltei três quilos mais magra. Tudo bem que andei pacas e não tinha tempo para comer direito sempre (juro). Só que os turistas não lotam a tal ilha-resort por causa de sua culinária excepcional e eu entendi por quê.

Nada de preconceito; gosto de provar o que cada país tem de melhor. Além disso, já me acostumei com a culinária apimentada asiática após um ano de intensivo com o namorido. Acontece que lá boa parte dos pratos são goreng (fritos), especialmente nasi goreng (arroz frito) e mie goreng (macarrão frito, na foto abaixo) e freqüentemente com um ceplok (ovo) em cima de tudo. E eu não gosto de fritura.

Depois de três dias disso, não dava mais para mim. Aí o que não era frito era ensopado, como o kare ou gulai (curry com leite de coco). Só que, com o calor dantesco pré-monções que fazia naquela terra (daquele tipo que os óculos embaçam ao sair da sala com ar-condicionado), eu tinha bons motivos para não exagerar.

Umas das exceções era o sate, ou satay (espeto), servido com nasi (arroz cozido) e, às vezes, um molho de amendoim importado de outro prato, o gado-gado – que, por sua vez, não tem nada a ver com bovinos, até porque os balineses seguem o hinduísmo; é apenas um prato com vegetais cozidos.


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Pois olhando o livro “Prato do Dia 2”, da Tica Magalhães, eis que encontramos uma receita que junta as duas coisas. Olha, até que ficou razoavelmente perto do original, viu? Além de bem gostoso!

Sate ayam (espeto de frango)
- 400 gramas de filé de peito de ayam (frango)
- 1 xícara de kecap asin (molho de soja)
- 2 colheres de sopa de suco de jahe (gengibre)
- 1 colher de chá de óleo de gergelim ou de amendoim

Limpe o frango e corte em cubos. Misture os demais ingredientes e deixe marinar por uma hora. Coloque os frangos nos espetos (molhados, para não pegarem fogo) e leve para grelhar na chapa ou na frigideira com um pouco de óleo. Fizemos no grill do George Forman e deu supercerto.

Saus kacang (molho de amendoim)
- 3 paçocas ou 5 colheres de sopa de pasta de amendoim + uma mãozozona de amendoim
- 1 dente de bawang putih (alho) bem socadinho e espremido
- 1 colher de sopa de suco de gengibre
- 1 ou 2 colheres de sopa de molho de soja (prove no final)
- 3 colheres de sopa de água
- Um tanto de cabe merah (pimenta vermelha) bem picadinha: dedo-de-moça, malagueta ou outra que quiser

Torre ligeiramente os amendoins no forno, tire a pele e soque até virar pó. Misture e leve ao fogo baixo com os demais ingredientes até incorporar bem.

(A autora recomenda usar apenas as paçocas ou a pasta. Ficaria, contudo, com pouco gosto de amendoim e meio doce demais. Por isso os amendoins adicionais, que acabaram sendo metade da quantidade usada, foram essenciais para se chegar o mais perto possível do original.)

Selamat makan!
Bom apetite!

15.1.08

De cópias e acertos

Sábado é o dia oficial do café da manhã decente. A tendência se intensifica com o livro "Breakfast" (Williams-Sonoma), que ganhei do meu irmão.

As fotos são nada menos do que bárbaras. São, digamos, uma motivação ao mesmo tempo que um fator desanimador, já que nas minhas mãos o resultado fica a anos-luz de distância. Mas tudo bem: ficou gostoso mesmo assim.

Panqueca alemã de maçãs
- 5 ovos grandes
- 2 colheres de chá de essência de baunilha
- 1/2 xícara + 1 colher de sopa de açúcar granulado
- 1/3 xícara de farinha de trigo
- 1 colher de chá de fermento em pó
- 1/8 de colher de chá de sal
- 1 1/2 colheres de sopa de manteiga sem sal
- 2 maçãs grandes, de preferência do tipo verde, descascadas, sem sementes e cortadas em meia lua
- 1 colher de chá de canela em pó
- 1 colher de sopa de açúcar de confeiteiro (opcional)
- ¾ xícara de frutas frescas (opcional)
- ¼ de xícara de crème fraîche (opcional)

Bata os ovos, a baunilha e a ½ xícara de açúcar até combiná-los, por cerca de 5 segundos. Acrescente a farinha, o fermento e o sal e misture bem, por mais uns 10 segundos.

Preaqueça o forno a 190°C. Coloque uma frigideira antiaderente de 25 cm de diâmetro no fogo médio, derreta a manteiga e espalhe-a. Coloque as maçãs e salteie, mexendo de vez em quando até amaciá-las, cerca de 4 a 5 minutos. Jogue a canela sobre elas e a colher de açúcar granulado reservada. Incorpore-as e salteie as frutas até as bordas ficarem ligeiramente translúcidas, cerca de 2 minutos mais.

Espalhe as maçãs por toda a frigideira e jogue a mistura por cima, de modo que as maçãs não saiam mais do lugar. Reduza o fogo para médio-baixo e cozinhe até a base ficar firme, por cerca de 8 minutos. Leve a frigideira ao forno e asse até o topo ficar firme, por uns 10 minutos.

Retire do forno e transfira para o prato onde será servido. Corte em quatro e, se quiser, polvilhe açúcar de confeiteiro sobre a panqueca e sirva com berries e o creme.

Observação do livro:
"A maneira tradicional de fazer este popular prato alemão, chamado Apfelpfannkuchen, é virar a panqueca no fogo. Isso pode ser complicado sem tirar as maçãs do lugar. Nesta receita, ela é finalizada no forno, uma opção muito mais fácil. A maioria das panquecas européias também vai ao forno. Freqüentemente panquecas européias contêm frutas ou carnes."

14.1.08

Pestare

Estava eu com um salmão na geladeira. Eu olhava para ele, ele olhava para mim. Mas nem eu nem ele conseguíamos decidir como prepará-lo.

Aí conheci um novo blogueiro de comida e, na primeira visita ao blog dele, encontrei a solução: pesto!

Salmão com pesto
- 1 filé de salmão
- Um punhadão de manjericão
- Um punhadão de nozes (originalmente, pinoles)
- 1 dente de alho (gente, coloquei três e não prestou. Quero dizer, ficou ardido pacas e até funcionou com o salmão. Mas não recomendo)
- Um punhadinho de queijo parmesão (originalmente, pecorino)
- Azeite, quanto baste
- Sal e pimenta branca moída, quanto baste

Tempere o salmão e prepare-o como preferir: eu gosto de enrolá-lo no papel alumínio até assá-lo e só abrir nos últimos cinco minutos, para pegar uma corzinha.

Quebre as nozes e pique grosseiramente o alho e o manjericão. Macere bem os três ingredientes no pilão, colocando o azeite aos poucos. Quanto começar a virar uma pastinha, coloque o queijo e acerte o sal e a pimenta.

PS: Vocês sabiam que existe um campeonato mundial do melhor pesto?

11.1.08

Arroz com uma frescurinha


















Um acompanhamento preferido para aves assadas é o arroz com champagne. É fácil de fazer e transforma a refeição numa festa.

Arroz com champagne e castanha-do-pará
- 1 xícara de arroz
- 1 1/3 xícara de água fervente
- 1 xícara de champagne
- 1/4 cebola bem picada ou passada no processador
- 1 colher de sopa de azeite (extra-virgem, de preferência)
- Sal a gosto
- Castanhas-do-pará (ou amêndoas) em lascas

Pique a cebola e reserve. Esquente a água. Lave o arroz e reserve. Esquente o azeite e acrescente a cebola - mantenha em fogo baixo até ela ficar transparente e reduzir.

Acrescente o arroz e frite rapidamente, mexendo sempre. Coloque a água fervente e o champagne. Por causa do champagne, adocicado, coloque um pouco mais de sal do que o normal. Deixe cozinhar normalmente. Se o líquido evaporar antes de o arroz cozinhar, acrescente mais água fervente.

Enquanto isso, coloque as lascas das castanhas em uma forma antiaderente, sem untar nem nada, no forno preaquecido, em fogo médio para baixo. Mexa de vez em quando, para torrá-las por igual - cuidado para não as queimar (também dá para fazer numa frigideira antiaderente). Reserve.

Quando o arroz estiver pronto, misture as castanhas e sirva imediatamente.

10.1.08

Perfeição, sei o teu nome

Numa era distante, uma das minhas mais queridas e antigas amigas, Giovana, fez uma musse de sobremesa para um jantar de fim de ano. Estávamos no primeiro ano de faculdade e éramos duras pacas, mas economizamos alguns tostões para ela colocar a mão na massa.

Minha lembrança de então é de que foi o dinheiro mais bem empregado do mundo. Aquilo era simplesmente a perfeição.

Racionalmente, poderia achar que minha lembrança gustativa estivesse influenciada pela alegria daquele jantar e a euforia juvenil. Contudo, anos depois, ela continua fazendo essa musse fantástica com o mesmo amor, sempre no meu aniversário, o presente mais esperado e desejado de todos.

A mais perfeita musse de chocolate do mundo, by Gi
- 200 gramas de chocolate ao leite
- 200 gramas de chocolate meio amargo
- 4 ovos
- 1 lata de creme de leite sem soro
- Raspas de chocolate branco e cerejas para decorar

Separe as gemas da clara. Rale o chocolate, não muito fininho, só pra ficar mais fácil de derreter e leve ao fogo em banho-maria. Ele está no ponto quando ficar uniforme e começar a fazer bolinhas.

Tire do fogo, junte as gemas e misture bem. Vai ficar uma maçaroca meio feia, mas não se assuste. Com uma colher de pau, misture bem para não deixar com muito gosto de ovo.

Feito isso, bata as claras em neve. Cuidado só pra não deixar muito dura (acho que pode deixar no final a musse mais firme que o desejável). Junte então o creme de leite ao chocolate e bata bem na batedeira até ficar um creme bem bonito.

Depois é só misturar a clara em neve. Tem gente que diz que isso deve ser feito só com a mão. Eu já fiz isso, mas também já bati à máquina de novo. Não lembro bem de qual jeito fica melhor. Ai é só pôr pra gelar e esperar endurecer.

9.1.08

Quém, quém

"Caiu no poço
Quebrou a tigela
Tantas fez o moço
Que foi pra panela"

A marinada abaixo já foi testada em peru e pato, com resultados esplendorosos em ambos os casos: a carne fica macia e úmida.
Pato assado
- 1 pato (pato, duck, ente, canard, anatra*) inteiro
- 1 garrafa de vinho branco seco
- 4 dentes de alho
- 1/2 cebola
- Um choro de vinagre branco
- Folhas frescas de sálvia e salsinha
- Sal e pimenta branca a gosto
- 1 laranja

Descongele o bicho. Um dia antes, lembre-o de seu passado aquático e coloque-o debaixo da torneira, para tirar bem o tempero pronto - não esqueça de retirar o pescoço que está dentro (sim, dentro) dele.

Bata todos os ingredientes no liquidificador (menos a laranja) e coloque o bicho mergulhado nessa mistura, dentro de uma caixa tampada, dentro da geladeira. Não esqueça de jogar também esse caldo dentro dele. De vez em quando, sempre que lembrar, vá lá e vire o pato.

No dia, prepare o recheio que preferir. No caso, fizemos uma megafarofa molhada de farinha de rosca com carne desfiada do pescoço, cebola, manteiga, salsinha, castanha-do-pará e figos secos picados, mais salzinho e pimentinha. Deixe esfriar.

Tire o pato do marinado e recheie bem, apertando a farofa para não ficar espaço vazio. Costure o c* e amarre as pernas e as asas. Pincele manteiga em todo ele.

Eu costumo usar aqueles sacos próprios para assar, que economizam bastante tempo de forno: enfarinhe o saco, conforme as instruções, e coloque o bicho lá com um tanto do caldo em que ele nadou por tanto tempo, mais o suco da laranja. Feche, coloque-o em uma assadeira e faça um corte pequeno na parte superior, para deixar o ar quente escapar.

Asse em forno preaquecido de média para baixo por umas duas horas, duas horas e meia. Quando perceber que está assado, abra o saco e deixe-o exposto para dourar - o que acontece rapidamente, como você pode ver na foto acima.

(Minha apresentação não foi das mais glamourosas. Tentarei melhorar da próxima vez.)



* Um dos presentes fofos que ganhei é o "Dicionário Gastronômico", de F. Carli e E. Klotz, que traduz ingredientes e preparos para espanhol, inglês, alemão, francês e italiano.

8.1.08

Presentes

Coisa mais gostosa as pessoas queridas descobrirem o que você ama (além delas, claro) e alimentarem esse amor (pelas pessoas e pelo hobby).

Neste Natal e neste aniversário, ganhei presentinhos fofos ligados à culinária. De repente o mundo real virou virtual que virou real de novo.

Aos poucos inauguro cada item, às vezes juntos, em combinações mil. Obrigada, pessoas lindas!

7.1.08

Reciclagem

"O pato vinha cantando alegremente
'Quém, quém!'
Quando o marreco sorridente pediu
Para entrar também no samba."

Crepe de pato com camembert
- 1 xícara de farinha de trigo
- 2 ovos
- 1/2 xícara de leite desnatado
- 1/2 xícara de água + um tantinho, se precisar
- 1/4 de colher de chá de sal
- 2 colheres de sopa de manteiga derretida
- Carne desfiada do pato assado para a ceia de reveillón :)
- Nacos de camembert
- Sálvia fresca

Bata os ovos e misture com a farinha. Acrescente aos poucos o leite e a água, depois o sal e a manteiga, até a massa ficar uniforme.

Se tiver crepeira, bem; se não, jogue em uma frigideira antiaderente quente, girando-a até a massa tomá-la toda - quanto mais fino o crepe, melhor. Deixe dois minutos de cada lado e, se quiser, coloque uma folha de papel-toalha entre cada um.

Recheie enquanto quente, de preferência, para o queijo derreter. Tempere com azeite, folhas rasgadas de sálvia e o que mais quiser.


3.1.08

Macacos me mordam!

O bioantropólogo britânico Richard Wrangham defende que viramos Homo sapiens devido à... cozinha! Ele acredita que os cérebros aumentaram quando, pelo cozimento, a digestão ficou mais fácil e as calorias se proliferaram. Brilhante, não?

Uma reportagem sai na edição deste mês da revista "Scientific American", versão EUA. Mas o site traz uma entrevista com Wranham.

And you believe cooking with that fire spurred the development of modern humans.
Here's the way I tend to ask the question: I tend to think of the advent of cooking as having a huge impact on the quality of the diet. In fact, I can't think of any increase in the quality of diet in the history of life that is bigger. And repeatedly we have evidence in biology of increases in dietary quality affecting bodies. The food was softer, easier to eat, with a higher density of calories—so this led to smaller guts, and, since the food was providing more energy, we see more evidence of energy use by the body. There's only one time it could have happened on that basis; that is, with the evolution of Homo erectus somewhere between 1.6 [million] and 1.8 million years ago.


PS: A Folha também publicou um texto sobre o tema, anos atrás (link para assinantes).

A vitória é doce

Trocentos anos atrás, eu nem sabia cozinhar direito, mas conseguia fazer caramelo que era uma beleza, sem medida nem nada. Enquanto minha mãe penava, eu fazia a calda do pudim com um pé nas costas. Escolhia até a quantidade, a cor, se seria feita na panela ou no microondas, tudo na base da beiçada. Ou seja, um espetáculo.

De repente, não mais do que de repente, um dia acordei e descobri ter perdido a mão. Passei os últimos cinco anos só fazendo farofa atrás de farofa, quilos de açúcar jogados no lixo. Não adiantava seguir receita: simplesmente não saía. Minha mãe, que aprendeu a fazer a calda no microondas, não podia acreditar no que escutava.

Em 2008, resolvi não ser mais tiranizada pela maldição do caramelo e encarei o desafio de frente. Não saiu na primeira tentativa, nem na segunda. Na terceira, já suando frio, com os olhos vidrados na panelinha enquanto os segundos pareciam horas, vi aos poucos a calda chegar num ponto bom, dourar linda. Vim, vi e venci.

Salada de camembert e nozes caramelizadas
- Folhas verdes
- Palmito
- Um bom camembert
- Nozes inteiras
- 250 gramas de açúcar
- 250 ml de água
No dia anterior, ferva os palmitos para evitar o botulismo, deixe-os esfriar e guarde-os na geladeira com água, sal e um pouco de vinagre branco.
Numa panela, coloque o açúcar e a água numa panelinha e leve ao fogo baixinho, para derreter o açúcar. Quando isso acontecer, aumente um pouco o fogo, fique de olho e não mexa. De vez em quando, passe um pincel com água nas bordas, para dissolver os cristais. Quando chegar na cor de caramelo, desligue o fogo e tire do fogão - cuidado porque o caramelo ainda escurece um pouco mais. Mergulhe as nozes, tire-as com cuidado com um garfo e deixe-as secando em um prato de porcelana limpo e seco.
Monte a salada com as folhas verdes, fatias de camembert, os palmitos cortados em rodelas e as nozes. Tempere com um bom azeite, sal e a melhor pimenta que tiver em casa.

2.1.08

Favas contadas

Faço aniversário no iniciozinho de janeiro, então ano novo tem duplo sentido para mim: todos aqueles balanços sobre o que passou e o que virá vêm sempre em dobro.

Contudo, não contava com um inferno astral ao quadrado, que resolveu se manifestar em todo seu esplendor no dia 31 de dezembro, durante a feitura da ceia - afinal, como bem lembrou o namorido, o mês foi tão cheio de responsabilidades e compromissos que nem tive tempo antes para deixar qualquer coisa sair do prumo.

Começou com a indefinição sobre a sobremesa, em que as favas de baunilha compradas a preço de banana deveriam ser usadas. Queria ovos nevados, namorido não gosta. Ele queria um pudim de baunilha francês, eu achei bobo. Depois de dias de debate, resolvemos apostar no semi-freddo com torrones do Jamie Oliver.

No dia anterior, compramos o torrone errado (deveria ser crocante, não molengo) e o creme de leite da marca que odiamos, pois só havia ele. Tampouco achamos o pistache sem sal recomendado. Em cima da hora, resolvemos pular para a próxima receita e fazer o semi-freddo com figos e mel. Corre namorido atrás de figos frescos e secos, toca eu separar os ingredientes.

Batemos tudo certinho e, na hora de misturar, o creme começou a talhar e azedar! Teoria do namorido é que figos são ácidos, mas, poxa, carambolas! (Pelo menos, a foto ficou bonita.) Jogamos tudo fora.

Depois de muito mal humor (meu) e desespero (de ambos), ele disse para tocar os ovos nevados, paciência. No que coloco o leite para ferver, ele talha também - azedo! A vontade de chorar foi forte.

Respirei fundo, corri para a padaria e comprei mais leite, ovos e açúcar. Coloquei uma música bem calma, limpei a bagunça anterior e me concentrei. Três favas de baunilha e quatro horas depois, a uruca e o inferno astral se afastaram. O resultado foi satisfatório: o creme ficou muito doce para o meu gosto, mas acabou providencial para afastar a ressaquinha de champagne...

Ovos nevados
- 4 ovos
- 1 fava de baunilha
- 2 1/2 xícaras de leite integral
- Uma pitada de cardamomo em pó (se tiver grãos, use 2 a 4)
- 1/2 xícara + 1 colher de sopa de açúcar (foi demais para meu gosto: melhor 1/3 ou 1/4 de xícara)
- 1 pitada de sal
- Nozes quebradas

Abra a fava com uma faca afiada, no sentido longitudinal, e raspe com cuidado as sementinhas. Coloque-as (sementes + fava) numa panela com o leite e o cardamomo. Ferva, desligue e tampe bem, com um pano por cima, por 30 minutos. Tire a fava (e as sementes de cardamomo, se as utilizou) e ligue novamente o fogo baixo, em ponto de quase fervura constante.

Bata as claras em neve com o sal. Quando estiverem quase no ponto de claras duras, acrescente a colher de açúcar e bata por mais um ou dois minutinhos. Jogue grandes colheradas das claras no leite, uma a uma. Deixe cozinhar 1 a 2 minutinhos de cada lado, retire com uma escumadeira e reserve sobre papel-toalha. Desligue o fogo e deixe o leite amornar.

Faça o creme: bata as gemas com o restante do açúcar até esbranquiçar. Acrescente devagarinho o leite morno, sem parar de bater. Leve essa mistura ao fogo novamente, em fogo médio, e mexa constantemente com uma colher de pau. Quando começar a ensaiar engrossar, abaixe o fogo e mexa vigorosamente até ele engrossar mesmo, quando o fundo da panela começa a aparecer. Desligue o fogo, mexa por mais uns minutos (para o creme não pegar no fundo) e deixe esfriar.

Coloque o creme no recipiente em que vai servir a sobremesa. Disponha as claras por cima, polvilhe as nozes, cubra com filme-plástico e deixe na geladeira por pelo menos 30 minutos antes de servir.